O Covil
«Arranjei o covil e parece que me saí bem. Do exterior vê-se apenas um grande buraco, mas na realidade esse buraco não conduz a parte nenhuma (…) Porém, a uns passos do buraco, abre-se a verdadeira entrada, coberta por uma camada de musgo, que eu posso levantar: se há neste mundo alguma coisa segura é este lugar.»
Franz Kafka - “O Covil”
Que buraco seguro e quentinho que eu arranjei… É o meu abrigo e não há cerco mais sólido, tranquilo e doce que este. Quando o mundo exterior me aborrece, importuna ou consome fujo para este recanto, rodeado por sebes que há muito deixei de podar. Para proteger o meu casebre construí várias armadilhas aptas a deglutir o inimigo num segundo. O pior é que por vezes me distraio na vigia e tropeço nos meus próprios artifícios. Tenho então que lutar para me tentar livrar do covil, de proprietária passo a prisioneira e para conseguir fugir tenho de deitar abaixo os muros que com tanto cuidado e estima construí. Depois quando me apetece regressar há que voltar a reerguer as barreiras para mais tarde as destruir. Trabalho árduo, cansativo e repetitivo...
Franz Kafka - “O Covil”
Que buraco seguro e quentinho que eu arranjei… É o meu abrigo e não há cerco mais sólido, tranquilo e doce que este. Quando o mundo exterior me aborrece, importuna ou consome fujo para este recanto, rodeado por sebes que há muito deixei de podar. Para proteger o meu casebre construí várias armadilhas aptas a deglutir o inimigo num segundo. O pior é que por vezes me distraio na vigia e tropeço nos meus próprios artifícios. Tenho então que lutar para me tentar livrar do covil, de proprietária passo a prisioneira e para conseguir fugir tenho de deitar abaixo os muros que com tanto cuidado e estima construí. Depois quando me apetece regressar há que voltar a reerguer as barreiras para mais tarde as destruir. Trabalho árduo, cansativo e repetitivo...
Oh, I really wish
“Break on through to the other side”
1 Comments:
Todos queremos escapar de vez em quando e construimos os nossos covis, onde nos isolamos e pensamos que nada nos afecta, nada nos ataca, e nada nos (co)move. Mas que porcaria de engenheiros somos, que o que construimos para nossa proteccao acaba por ser o que nos magoa mais... Mais vale entao viver a merce das intemperies, e deixar que os raios caiam onde bem lhes apeteca, e que seja o brilho do sol a secar as nossas lagrimas.
Beijinhos e obrigada pelo texto tao bonito.
By smallworld, at 2:36 PM
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