Luz e Sombra

Thursday, October 27, 2005

DT Outubro - Geração Popstar; por booklover

THE ORDINARY BOYS (Morrissey)
Ordinary boys, happy knowing nothing
happy being no one, but themselves
Ordinary girls, supermarket clothes
who think it's very clever to be cruel to you
for you were so different
you stood all alone
and you know
that it had to be so
avoiding ordinary boys
happy going nowhere, just around here
in their rattling cars
and ordinary girls
never seeing further
than the cold, small streets
that trap them
but you were so different
you had to say no
when those empty fools
tried to change you, and claim you
for the lair of their ordinary world
where they feel so lucky
so lucky, so lucky
with their lives laid out before them
they're so lucky, so lucky
so lucky, so lucky


Geração Popstar

Atenção texto extremamente subjectivo e opinativo que pode chocar alguém. Se és uma popstar não leias!!!


Ao longo do nosso percurso escolar deparamo-nos em todas as turmas com os clubes das “betas” ou “vip´s” ou como hoje lhes chamam (denominação impingida pelos “Moranguitos com Açúcar”) as “popstars”.
Estas agremiações mantêm sempre as mesmas linhas gerais de carácter, apenas o look varia com as tendências da moda.
Neste momento, uma Popstar apresenta-se ordinariamente com franja e cabelo esticado, argolas nas orelhas (a sua origem remonta aos brindes dos pacotes de Matutano), botas obrigatoriamente bicudas, bolsa do tamanho do telemóvel 3G, unhas pintadas e levemente compridas, óculos escuros gigantes e finalmente, pormenor indispensável, peito firme e bem arreganhado para cima (se o peito for pequeno usam-se pequenos truques).
Este é o look que está a dar, claro que as betas de uns anos atrás aparentavam estilos diferentes…
Aspectos psicológicos? Uma VIP, logo pela manhã, quando te apresentas a uma aula das 8:00 com os olhos inchados e vermelhos e o cabelo meio despenteado, olha-te com um ar de desprezo de cima abaixo para conseguir registar se o cinto que trouxeste ontem é o mesmo que trazes hoje, nenhum pormenor é deixado ao acaso… se as meias que calças-te ainda de olhos fechados não condizerem com o resto da roupa estás tramada! Na sala de aula juntam-se nas filas de trás para poderem cochichar à vontade sobre os outros. Por vezes traem-se umas às outras mas acabam por fazer as pazes. Os rapazes mais bonitos e abastados, plaboys da noite, (geralmente andam com os botões da camisa desapertados até meio da barriga) não lhes escapam, é-lhes feita marcação cerrada. Geralmente entendem-se: plaboy com popstar dá resultado! Os plaboys não falam com todas as raparigas da turma, só com as popstars e se estiveres ao lado delas, chegam ao cúmulo de as cumprimentarem e deixarem-te de fora. Intelectos tristemente vazios e fúteis. Um bacalhoeiro de Popstars identifica-se a longas distâncias, estão sempre às gargalhar forçadamente alto, com gritinhos e guinchos histéricos pelo meio. São tão felizes, tão felizes, tão felizes… Se te metes com elas estás fodida(o). Gozam de grande poder e estrelato na turma e num piscar de olhos conseguem pôr toda a gente contra ti. Conduta típica é organizarem saídas ao cinema ou festas de anos, bastante alto, para tu as ouvires a convidarem toda a gente menos tu, tomá lá para aprenderes: ou te comportas com um cão a fazer e pensar tudo o que elas querem ou arriscas-te a teres a tua própria personalidade e ficas sozinha(o).
Toda a gente já foi vitima destes grupinhos maquiavélicos mas as adolescentes de 13, 14, 15 anos… são quem mais sofrem. À procura do grupo de pares, com as caras em erupção borbulhosa, sentem-se diferentes e sofrem silenciosamente, porque se recusam a serem árvores de natal, enfeitadas com todos os quincarelhos inimagináveis, nem querem gozar com a rapariga ranhosa da turma porque sentem a injustiça, não querem ser cruéis, mas também querem ser aceites.

Texto dedicado à prima teen R., tímida, insegura e cheia de dúvidas…
Porque não és diferente de ninguém, apenas igual a ti própria…

7 Comments:

  • Hmm, O Der U a sugerir musica e eu a dar-lhe nos filmes... Sugiro Thirteen, com Evan Rachel Wood e Holly Hunter. A menina anorectica da serie Comecar de Novo (exibida na TVI ha quarenta mil anos) e a galardoada Holly que, by the way, continua a bater aos pontos o corpinho de muita menina popstar. Nao que o filme seja uma perola do cinema, eu pelo menos nao achei, mas encaixa perfeitamente no tema sem cair na lamechice Walt Disney. Aos adolescentes que se encontram nesse ponto da sua vida, sejam popstars ou nao, aqui fica o meu conselho de ex(?)-teenager impopular (but of course...): acreditem ou nao, ha vida depois da adolescencia. Geralmente, eh bem melhor do que a vida aos 13 anos. Ja agora, posso partilhar com vcs que a minha popstar era a Nicole e engravidou aos 16 anos. Agora eh caixa de supermercado. Not that there's anything wrong with it.

    By Blogger smallworld, at 1:17 PM  

  • yeah!!
    às vezes se fossemos quem desejamos ser seríamos uma porcaria....
    às vezes é uma dádiva termos menos sorte, sermos menos giros, menos populares, e mais humanos.

    By Blogger aquelabruxa, at 10:44 AM  

  • adorei as descrições!

    By Blogger aquelabruxa, at 10:46 AM  

  • eu ja li este text ha dois dias e ainda nao sei muito bem o que vou escrever a esse respeito,
    Gostava de poder dizer que ha justica no mundo e que as pop-stars e playboys vao ter o que merecm e passsados os anos de gloria da adolescencia vao ter umas vidas apagadas e sem interesse a trabalhar como caixas de supermercado ...mas nao e verdade, muitos deles vao continuar a ser quem foram e a prosperar...tambem ninguem garante que as vitimas deles vao ter uma vida optima, embora muitas delas de facto tenham...
    um beijinho a R.
    PS: o texto esta muito bem escrito, gande capacidade de observacao

    By Blogger Joana, at 1:08 PM  

  • Se calhar não vou ter a reacção que estavas à espera. Para mim as pornstars ou lá como decidiste chamar a esse putedo não passa de mais um bando de tubarões na piscina curta que são os corredores da escola. São abjectas, ridículas e .... humanas. E dar-lhes cabo da auto-estima não é assim tão difícil como isso. Não são precisos insultos ou truques baixos, nem cuscuvilhices maldosas. Basta seres imune ao seu veneno, ignorares o que vem de baixo e manteres a tua dignidade. Se abdicares desta, ai sim, tás literalmente fodida(o), usando as tuas palavras. Mas serão as moranguitas ás únicas a alinhar no diapasão da exclusão? Hum, se bem me lembro, em cada escola, faculdade e ponto de encontro nocturno deste (i)mundo existem fileiras tribais que luatm pela tua alma, ou para mete-la no bolso ou na sarjeta. Os betos até são alvos fáceis, é tão tranquilizante odiar o poder económico e social, é só refastelar e desejar que o $$$ os encha de lepra. Mas e as outras tribos, serão assim taaaao amiguinhas? Os sk8rs, os metaleiros, agora associados ao movimento gótico numa atitude desmiolada de quanto mais black e gore melhor, tratam-te como igual se apareceres numa das suas "soirées" sem estar devidamente "fardada"? Ou se disseres que até gostaste do último album do Bryan Adams, vão olhar para ti da mesma maneira e convidar-te a fazer parte da elite? Experimenta fazer o seguinte. Alinha na atitude "vampiro-ausonia black" e não curtas nada mais levinho que Moonspell (menos o album SIN/Pecado, que para alguns é "martelinhos"). Deixa-te ir na onda do absinto e rendinhas à lá evanescence e enrola a cena durante uns 2-3 meses. Depos, numa das glorificantes festas de aniversário aparece como tu és mesmo. Com a tua roupa, "colorida" /que é um termo muito utilizado no meio para excluir que ousa não trajar de preto-branco, vermelho/bordeaux ou derivado mais aceite no momento) e com um ar indie/avant guard de quem acabou vir de um concerto de dEUS ou Sigur Rós. Se calhar, vais descobrir que há mais uma fila de mesas na tua sala de aulas que não te grama por ai além...
    Sabes o que é o verdadeiro luxo? Poderes dizer que tens amigos góticos, indies, punks, sk8rs, hip-hop, desportistas... e betos! verás que a tua vingança foi geral, pois não tens tribo, e provavelmente descobres que uma sociedade tem mais para oferecer e receber se optares por engavetar o conceito de tribo no armário onde antes insistias em te encafuar.

    Agora, sabem qual a maior ironia deste mundo? Aos 30 anos estou a descobri-la. Esses seres que antes se riam de ti, te desprezavam e se julgavam uns supra-sumos estão a começar a ter filhos. E não é que as pestinhas ao entrar na pré-adolescência mostram as suas garras e desprezam e odeiam os papás?!?....

    By Blogger Der Überlebende, at 6:46 PM  

  • Concordo com o ponto de vista do D.U. Ora bem, ainda frequento o secundário, daí que ainda testemunhe a infantilidade dos adolescentes, sejam eles mais novos ou mais velhos que eu. É a segunda secundária que frequento, e nem numa nem noutra me deparei com essa espécie tão docemente apelidada de "popstar", pelo menos não a fazer uso desses trajes. Como disse o D.U. e muito bem, a partir do momento em que se começa a considerar as pessoas pelas roupas que vestem, estamos mal. Tenho conhecido e tomado conhecimento de gente cruel e falsa, que diz e faz uma coisa pela frente e por trás, meu deus, a podridão, e a mesquinhice que vai, e isto assim se passa em todas as tribos. Assim, como vejo muita gente porreira e magnifica, ser afectada pelas ideias pré-concebidas que por ai circulam. Vejo isso em relação aos meus amigos e em relação a mim mesma. Se nos sentirmos a vontade em relaçao a pessoa que somos, tanto faz se nos vestimos de preto, amarelo, ou cor de rosa as bolinhas amarelas, se nos damos com metaleiros, com gós, hip hoppers ou betos etc. Tenho amiguinhos, bónis e fófinhos de todos os tamanhinhos e feitios :D Ora, "dou-me ao luxo" portanto :P

    *beijinhos*

    By Blogger Perséfone, at 3:41 PM  

  • Esse texto faz lembrar a minha personagem...hehehe. Provavelmente não fui tão boa a interpretar qto vc a descrever, mas o que vale é a intenção.
    Acho que no fundo todos somos como as popstars, pq excluímos aqueles que são diferentes. O bom é ser um nada.
    Beijinhos

    By Anonymous Anonymous, at 3:57 PM  

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