Luz e Sombra

Saturday, May 21, 2005

Estranhas Doçuras: sangue novo para um blog - Understandable

Ora viva meus caros!

è com prazer que publico o primeiro texto da Understandable neste blog que é de todos nós, dos residentes, dos que comentam, dos que visitam, de todos quantos quiserem nele deixar a sua marca ou apenas passear os olhos pelas avenidas de letras que desfilam por entre o código HTML.

Sem mais conversa da treta,

seguem-se "Estranhas Doçuras"

Bom Fim de Semana,

Der Uberlende


Estranhas Doçuras


Saiu à rua já de noite, a lua cheia mostrava tudo a seu redor. Caminhava com uma postura recta, agarrada ais livros que trazia junto ao peito, com passos firmes e largos.
Virou na rua e desceu a calçada velha chegando junto à porta da família que se tinha dizimado. “Como chegaram a esta calamidade?, não entendo, como foi possível?”
Lembrava-se do seu amigo Manelito com os olhos azuis cor do céu, o seu cabelo louro como a seara de trigo com os raios de sol do entardecer.
Adorava brincar com o Manelito, rapazito simpático que fazia o contraste com ela de olhos verdes como esmeraldas e cabelos pretos como o manto da morte.
À porta da família domingos tinha sempre a curiosidade de entrar na casa para ver pela última vez a casa onde tinha brincado tanto com o seu amigo. Assolavam-lhe às ideias o sangue, as armas, os corpos, tentava não imaginar, mas era impelida a pensar tal, num repente viu-se dentro da casa , arrepiada olhou em volta tentando perceber todos os objectos, todos os recantos.
Olhou com nostalgia para a lareira onde a mãe do Manelito fazia questão de passar algum tempo a cuidar das suas lãs e dos seus afazeres, de repente tudo se tornou tão claro, parecia que tinha voltado a trás no tempo e viu/sentiu o seu amigo a puxar-lhe a mão, a pedir para brincar, tentou ouvir e ver melhor e tudo se desvaneceu.
Saiu a correr da casa e ainda se deteve a olhar para a porta, olhou para o início da rua e viu um par de olhos vermelhos a observá-la, olhou para a lua, cheia, brilhante, (dançante), olhou novamente, os olhos aproximavam-se, aterrada e inerte não conseguia emitir uma única ideia, um som, o corpo imóvel, o cérebro a não funcionar como ela gostaria.
Com esforço deu um passo a trás, tentando encostar-se à parede, agarrada aos seus livros como estes a pudessem salvar de alguma tentativa daqueles olhos vermelhos que tomavam um contexto.
Um lobo, lindo, majestoso, altivo no seu porte a caminhar para ela, com passos firmes e quase…… quase com um sorriso, “não, credo, como podem eles sorrir?, eu bem que gosto deles, mas….. e se ele ataca-me ? que faço? Como??”
Sente uma corrente, um calafrio, não vê nada a mexer, nem mesmo as folhas que estão no chão, aquelas noites quentes sem brisa não traziam semelhante sentimento corporal.
Olha para a frente, enfrentando o seu “inimigo” e …“onde? Para onde foi ele?” Quando se move sente novamente o calafrio, vai de encontro até onde vem essa brisa, anda e fica à porta do cemitério, entra e segue a brisa até que chega à campa de alguém, coberta de folhas, cheia de musgo, sem haver se quer algo que evidencia-se quem seria, ajoelha-se e limpa com a mão todo o que tapa o retrato, perplexa olha, as lágrimas caiem-lhe duas a duas pela face macia, que outrora morena fica lívida, deita os livros ao chão, coloca as mãos na cara e chora como nunca chorou na vida, nem pela morte de seu pai.
Retrato de Manelito no dia em que tinha dado o seu primeiro beijo…………..

21 de Maio de 2005,

Understandable

2 Comments:

  • Oi,
    Gostei mto da tua historia, parece meio surreal tipo fantasmagórica
    Achei mais piada porque todos me tratam por Manelito LOL
    Voltarei
    **
    Whisperer

    By Anonymous Anonymous, at 3:33 PM  

  • Pressente-se ao longo de toda a história prenúncios do que virá, muito profunda e tocante interiormente :)
    bem-vindo(a)

    By Blogger Eduarda Sousa, at 10:10 AM  

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