Uma sul-americana na Holanda

Eu sei, eu sei, não é literário, nem nada que se pareceça, e pode até ser meio panfletário, ou haverá quem prefira chamá-lo anti-holandês... Mas é só uma chamada de atenção para as idiossincrassias da nossa Europa, e deste país tão liberal em que me encontro. E em Portugal, como será?


Inspirada pelo blog Correio Verde (http://correioverde.blogspot.com) – perdoem, sou uma naba com estas coisas dos links – resolvi contar aqui à comunidade portuguesa (tantas vezes emigrante) uma história verdadeira. Pasmem-se senhores, com a realidade de uma sul-americana na Holanda.

Sílvia tem 25 anos e nacionalidade colombiana. Está na Holanda há 8 meses. Veio para cá fazer um mestrado, e pensa talvez em ficar para fazer o doutoramento. Sílvia paga a renda da casa (350 euros por mês), tem seguro de saúde e os seus estudos prosseguem bem graças à sua inteligência e espírito empreendedor. O único problema de Sílvia é que é uma imigrante ilegal. Isto porque à chegada candidatou-se à licença de residência (residence permit, tradução literal… já não me lembro como é em português, mas também nunca tive de saber…) mas, após 8 meses, a licença ainda não chegou às suas mãos. Confirmaram-lhe que sim, que havia sido aceite, mas há cerca de 2 meses, enviaram-lhe uma carta em holandês (que coincidentalmente, CLARO, Sílvia ainda não domina – who the fuck does???) a dizer que havia uns problemas. Problemas que não eram problemas nenhuns, mas como ela ficou com a carta durante 1 mês, pensando que a carta apenas dizia que estava tudo bem e que a licença ia a caminho, agora «eles» (os famosos «eles») dizem que a culpa é dela, e que não sabem quando poderão enviar a licença de residência. Bom, ok, desde que ninguém a prenda por não ter licença, certo?? Errado. Sem licença de residência, Sílvia não pode sair da Holanda. Nem para voltar à Colômbia, dado que no aeroporto, sem papéis, não a deixam passar. Sílvia sabe porque levantou a ponta do véu desta história toda quando tentou ir de férias com uma amiga espanhola para Barcelona. De bilhete comprado, tudo preparado, teve que passar pela humilhação de não a deixarem embarcar no avião, e perder as férias tão desejadas. Mas conseguiu adiar o bilhete, para daí a três semanas. Talvez conseguisse entretanto a licença! Mas não. As semanas passaram e Sílvia tentou de tudo. Inclusivamente, um dos professores do mestrado, solidário com a sua situação, escreveu uma carta dizendo que ela tinha que se deslocar a Barcelona por motivos de trabalho, mas mesmo assim a resposta «deles» foi: não podemos fazer nada.
Bom, mas seria de pensar que ainda que Sílvia não possa sair do país, mesmo que haja uma emergência na Colômbia, a família de Sílvia deveria ser livre de a visitar, se quisessem. Errado outra vez. A mãe de Sílvia tentou obter um visto de turista para vir ver a filha à Holanda no Verão, e surpresa das surpresas, a embaixada da Holanda simplesmente recusou o visto à senhora. Será a senhora traficante de cocaína, pensam vocês? Não creio. Motivos: não pode garantir que tem dinheiro para regressar. É caso para perguntar: mas quem quereria ficar neste país de merda, onde o clima é uma trampa, a comida é uma trampa, as pessoas... humm... podendo ficar na Colômbia, a gozar um clima tropical, comida boa e companhia ainda melhor?? Este é o governo que está na Holanda, neste momento. Lembra-vos alguma coisa? A mim, sim. Começa por F e acaba em ismo. Bingo!