Luz e Sombra

Wednesday, May 18, 2005

Um novo desafio! - A Parte II

Ok,
Está na hora de um novo desafio!
É o seguinte:


1. O texto que se segue representa a Parte I de uma estória em dois actos (apenas dois)
2. O que eu sugiro é que cada um de vós escreva a Parte II, que tem que ser a parte final
3. Cada pessoa escreve a sua versão da Parte II, ao seu estilo, à sua maneira, com o final que entender. Esta primeira parte está em formato D500, mas é apenas porque eu gosto de escrever neste formato, mais nenhuma razão.
4. Na próxima 3ªf (dia 24 de Maio) eu publico a minha versão, apenas por devoção. Não se trata da versão correcta nem da melhor versão. Será apenas isso, a minha versão!
5. No dia 25 será publicada uma mensagem onde, através dos vossos comentários, será votada a vossa versão favorita.
6. No dia 29 é publicada a versão integral, com a Parte II escolhida por todos
7. Para publicar a vossa versão da Parte II enviem um e-mauil para hopematches@portugalmail.pt ou para ngoli12@yahoo.com.br
8. Posso contar convosco?


Atenciosamente,

Der Uberlende



Pressão... (Parte I)


O som da fechadura a desarmar desperta-me para a realidade. Finalmente cheguei a casa. O piloto automático que todos os dias me reencaminha do trabalho apaga-se, dando lugar ao modo “senta-bebe-esquece”, o meu estado favorito.

De acordo com o BI tenho 51 anos, mas a dor de cabeça que me estala os ossos do crânio insiste em informar que me devo andar a arrastar à séculos pelo peso que sinto sobre mim.
Lembro-me vagamente do que era estar vivo. Lembro-me vagamente do que foi ser feliz e empreendedor. Lembro-me, muito vagamente de me olhar ao espelho e gostar do que via...

Na cozinha, uma tigela vazia no chão lembra-me da companhia da Elisa. Durante 11 anos da minha incipiente vida fui abençoado com a gata mais carinhosa do mundo. Não era aquele tipo de bichano que vive enrolado nos pés do companheiro humano (só fala na palavra ‘dono’ quem nunca teve um gato...) ou que se desfizesse em mimos por tudo e por nada. A Elisa ‘lia-me’ com uma transparência e detalhe que jamais alguma mulher logrou alcançar. Ela sabia confortar-me sem exigir quase nada em troca, sem insistir que eu tinha de mudar, de crescer , de maturar, de ser mais empenhado, menos agressivo, mais homem, menos criança, mais isto, menos aquilo... E era com todo o prazer que eu lhe retribuia o gesto, afagando-a gentilmente no espaço entre as orelhas e o cachaço, deixando-a aninhar-se junto a mim, enquanto viamos televisão pela madrugada.

Frequentemente, a Elisa dava o seu passeio pela rua, saltando da janela da cozinha para o quintal, e daí para o mundo. Ia explorar, descobrir, socializar, andar por ai. Tinha a sua agenda, os seus encontros, a sua vida. Ia e voltava para mim, para o seu companheiro humano. Ia e voltava sempre. Há três meses atrás deixou de voltar. A roda de um carro desenfreado dum daqueles putos asquerosos do tunning, com o seu bonézinho patético e as argolas à pirata nas duas orelhas que separavam o espaço morto e atascado de diarreia onde deveria haver um cérebro e uma alma fez com que a Elisa não voltasse para mim.
Agora, quem me iria acompanhar de madrugada? Sobrava a televisão.

Desde que ela morreu que não durmo, apenas pairo no limbo etílico da minha inconsequente ausência. Arrasto as pálpebras vagarosamente, uma de encontro a outra, mas pelo meio sempre sobra um rasgão de íris e retina que insiste em sobrar para me fustigar com os ásperos fotões do mundo que ruge e brama pela minha alma.

E o que me oferece a televisão? Morte, espectáculo, negligência, sexo fácil e intimidade falsa, porcos e cabras a viver numa quinta, mas que quase parecem pessoas, notícias falseadas, aclamadas, comentadas, esmiuçadas, detalhadas, deturpadas...
Não aguento mais. Pego na caçadeira, calmamente. Carrego os canos...

No andar de baixo instala-se a confusão. Após um sonoro estrondo a bebé da vizinha começou a berrar em pânico e a velhota do 2ª esquerdo corre a ligar para a polícia.

(continua...)

18 de Maio de 2005,

Der Uberlende

3 Comments:

  • Comigo podes claro!
    As datas é que estão um pouco confusas. Nós devemos publicar a nossa versão antes do dia 24 de Maio? ou mesmo no dia 24?

    Grande desafio, estou super entusiasmada. Mas há limite de palavras para a segunda versão?

    By Blogger Eduarda Sousa, at 11:32 AM  

  • Oi moça,

    Nope, eu e tu vamos publicando conforme os textos nos cheguem, sem alterar uma vírgula ou o que seja, as usual

    A data limite para enviar Partes II é que é até dia 24. Eu só publico a minha versão nesse dia para não desviar ninguém em nenhum sentido, pois como sou o criador desta Parte I...
    Ai fecha esta fase. Seguem-se as votações, etc...

    Vá, toca a escrever!

    By Blogger Der Überlebende, at 12:19 PM  

  • Antes de mais quero agradecer por teres deixado algumas palavras no meu Blog. Fico muito contente com isso.
    Agora em relação ao que escreveste, penso que não interpretaste exactamente o que queria transmitir. Mas não foste o único. Provavelmente fui mesmo eu que me exprimi mal, infelizmente. O suicído que falava, não era um suicído físico, mas um suicído perante os outros; uma espécie de isolamento. É como que um desistir perante a vida exterior para viver só para dentro. E a escrita seria o meu refúgio, a minha pá, como lhe chamo, porque com ela o isolamento seria muito mais fácil. Desistir perante os outros porque já não há forças para conviver. Porque o conviver custa e causa problemas e, ao fim ao cabo, o texto é uma mostra de cobardia. Enfim... exprimi-me mal e espero ter me conseguido entender agora aqui.
    Em relação a este teu post, adorei o desafio. Achei-o muito interessante e ontem mal o li comecei a escrever. Fui obrigada a interromper o processo de escrita, mas esperava conseguir acabar o texto antes do dia 24. Enfim... a ver vamos. Espero anciosamente pelas outras propostas :)
    Beijo*

    By Blogger SweetSerenity, at 1:23 PM  

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