Progresso?, por Silent Child
Escrito no comboio entre Famalicão e Braga, no dia 02.05.05, por Silent Child
À medida que a cidade cresce
e as nuvens escurecem
o sol não mais consegue tocar
directamente nos rostos de quem se move
apressadamente por entre vias rápidas
e cruzamentos,
envolto no seu quotidiano complicado
na ânsia de sobreviver
num mundo que se volve confuso.
Viver é uma palavra perdida no tempo,
o seu significado tornou-se difuso e o seu sentido
convalesce, dormente,
na ilusão do momento fugidio,
de cada momento que não volta
nem se repete,
em cada oportunidade que se deixa passar
sem se agarrar, sem se lhe ligar
e sem se perceber o quão importante ela é,
parecendo mais fácil ignorar as pequenas coisas,
os pormenores quase subtis,
as faces que nos olham sem hesitar,
o olhar que parece implorar a atenção
de quem já nem sabe sonhar
quanto mais estender a mão à criança
que se refugia perante o gelo de incompreensões
que lhe tolhe a imaginação e comprime o seu sentir
na ilusão da vertigem de existir em que é mergulhada
desligada daquilo que nos deveria unir
sob nuvens cinzentas
à medida que a cidade cresce.
À medida que a cidade cresce
e as nuvens escurecem
o sol não mais consegue tocar
directamente nos rostos de quem se move
apressadamente por entre vias rápidas
e cruzamentos,
envolto no seu quotidiano complicado
na ânsia de sobreviver
num mundo que se volve confuso.
Viver é uma palavra perdida no tempo,
o seu significado tornou-se difuso e o seu sentido
convalesce, dormente,
na ilusão do momento fugidio,
de cada momento que não volta
nem se repete,
em cada oportunidade que se deixa passar
sem se agarrar, sem se lhe ligar
e sem se perceber o quão importante ela é,
parecendo mais fácil ignorar as pequenas coisas,
os pormenores quase subtis,
as faces que nos olham sem hesitar,
o olhar que parece implorar a atenção
de quem já nem sabe sonhar
quanto mais estender a mão à criança
que se refugia perante o gelo de incompreensões
que lhe tolhe a imaginação e comprime o seu sentir
na ilusão da vertigem de existir em que é mergulhada
desligada daquilo que nos deveria unir
sob nuvens cinzentas
à medida que a cidade cresce.
por Silent Child
6 Comments:
Perdemo-nos...o caminho para trás parece ser o mais difícil...
Gostei muito do texto, claro, como gosto de tudo o que escreves...
By
Anonymous, at 6:38 PM
À medida que a cidade cresce parece que a alma humana fica mais pequena... Mas não a tua!
By
smallworld, at 6:52 PM
Olá!
Passei para te visitar...Deixo-te um sorriso...
Beijinhso doces
By
Delírio da Loirinha, at 12:18 PM
Querido irmão,
Ainda tu me perguntavas onde iria eu buscar a inspiração paa escrever... São muitas as minhas fontes, mas das mais fortes e inspiradoras que tenho és tu, que ao longo destes (hoje feitos) 30 anos sempre foste um referencial, um modelo, não apenas de maravilhas, a vida não é assim tão delicodoce. Mas o que há em mim de pessoa boa, delicada, paciente, introspectiva,dedicada, inquisitiva e provocadora em muito se deve a ti!
um eternamente agradecido abraço,
N
By
Der Überlebende, at 12:52 AM
Caro Silent Child:
É tão verdade, tudo isto. Depois de ler, lembrei-me de uma coisa que me ocorre sempre no caminho de casa: as pessoas que dizem não ter tempo para pensar na vida, no vazio de uma existência urbana, no vazio das suas vidas, na organização dos seus projectos, que dizem não ter tempo para sonhar porque as agruras das contas para pagar e dos filhos para criar depressa demais, são tão avassaladores, só o fazem e só o dizem porque não passam três horas por dia em transportes públicos.
Eu passo e sei que penso demais em tudo isso enquanto a cidade ruge à minha volta, sempre com demasiada pressa.
Parabéns pelo texto fabuloso.
By
Anonymous, at 12:32 PM
O Silent Child é a fonte de inspiração do Der Uberlende e a minha também, claro!
Sim, se não tivesses aparecido na minha vida provavelmente ainda continuaria perdida...
By
Eduarda Sousa, at 3:03 PM
Post a Comment
<< Home