DCP - A Modelo por Der Überlende
proposta de temas de fundo
Nine Inch Nails - Something I can never have (versão OST Natural Born Killers)
ou
Marylin Manson - I put a spell on you (OST Lost Highway)
ou, se estiverem particularmente bem dispostos
Kraftwerk - The Model
A modelo
Desde criança que idealizava este dia,
juntando pedaços de sonho e fantasia,
o acto sublime da criação,
transformação da ideia em carne, tecido e cabelo,
da minha boneca, a minha modelo
Pele macia como a de um querubim
quero-a toda, quero-a só para mim
prende-la dentro do meu coração
cheirar sua carne, sorver com sevícia
amar com violência cada beijo ou carícia
Vou perseguir a sua boca, roubar cada beijinho
Juntar o seu fôlego dentro de um frasquinho
E não contar a ninguém do meu tesouro
saber que ela vive porque o permito
movendo seu corpo de ardor e delito
Observo-a a sair da porta da escola
de ar confiante, transportando a sacola
cheia de lápis de cor e inocência
Agora morde o lábio, ata o sapato
eu aguardo cá fora pelo momento exacto
O tempo voa para ti, minha menina adorada
O tempo mata-me a mim, facada a facada
e deixa-me morto, alma imaculada
Eu lembro-me de ti, ainda nem tinhas nascido
recordo como era meu coração partido
e do cheiro das longas noites em branco
das visitas crueis de amor paternal
das cicatrizes na minha alma imortal
Também eu boneca, fui divertimento
nas mãos de quem esperava alimento
somente descobri mais e mais sofrimento
E quando me sento em casa a ver a TV
é a tua carinha que em cada mulher se vê
repetida vezes sem conta, vezes sem conta...
e desperta o desejo numa espiral sem fim
de te fazer só minha, só para mim
E penso e repenso em como faze-lo
moldar-te a ti, a minha modelo
feita de carne, pele, osso e cabelo
A manhã nasce, sem deformidade ou defeito
E eu abro os olhos, encho o peito
do ar frio e seco sorvo o éter
e sei que nem me devo atrever a levantar
nem ir ao portão da escola por ti esperar
Hoje o dia é para na cama ficar
e deixar a demência lentamente arrastar
esfumar os sonhos da infância que não o foi
do papá que amava seu menino adorado
e do sexo carnal de amor decepado
Lembro-me de ti, do primeiro sorriso
deste-me tudo o que era preciso
agora quero mais, o que posso e não posso
moldar-te a face, quero tocar-te,
quero sentir o que é amar-te
vejo um corpo que agora floresce
teu peito, teus lábios, tudo em ti cresce
ao ritmo que a minha saninade senesce
E ver-te perfeita, corpo de bailarina
recordo outra vez a minha menina
de como ela era, de como ela é
aproximo-me agora, com novo alento
prepara-te boneca para o teu tormento
Adoro esse sorriso no colo do papá
ver-te abraça-lo quando ele te dá
um beijo terno nas faces rosadas
na minha mente recordo outros episódios
de dor, tortura, esgares e ódios
É por isso que agora te amarro e te conto
o que te vou fazer, ponto por ponto
explicar-te maninha o que é sofrer
talhar tua face, cortar teu cabelo,
fazer de ti a minha modelo
2 de Agosto de 2005,
Der Überlende
Nine Inch Nails - Something I can never have (versão OST Natural Born Killers)
ou
Marylin Manson - I put a spell on you (OST Lost Highway)
ou, se estiverem particularmente bem dispostos
Kraftwerk - The Model
A modelo
Desde criança que idealizava este dia,
juntando pedaços de sonho e fantasia,
o acto sublime da criação,
transformação da ideia em carne, tecido e cabelo,
da minha boneca, a minha modelo
Pele macia como a de um querubim
quero-a toda, quero-a só para mim
prende-la dentro do meu coração
cheirar sua carne, sorver com sevícia
amar com violência cada beijo ou carícia
Vou perseguir a sua boca, roubar cada beijinho
Juntar o seu fôlego dentro de um frasquinho
E não contar a ninguém do meu tesouro
saber que ela vive porque o permito
movendo seu corpo de ardor e delito
Observo-a a sair da porta da escola
de ar confiante, transportando a sacola
cheia de lápis de cor e inocência
Agora morde o lábio, ata o sapato
eu aguardo cá fora pelo momento exacto
O tempo voa para ti, minha menina adorada
O tempo mata-me a mim, facada a facada
e deixa-me morto, alma imaculada
Eu lembro-me de ti, ainda nem tinhas nascido
recordo como era meu coração partido
e do cheiro das longas noites em branco
das visitas crueis de amor paternal
das cicatrizes na minha alma imortal
Também eu boneca, fui divertimento
nas mãos de quem esperava alimento
somente descobri mais e mais sofrimento
E quando me sento em casa a ver a TV
é a tua carinha que em cada mulher se vê
repetida vezes sem conta, vezes sem conta...
e desperta o desejo numa espiral sem fim
de te fazer só minha, só para mim
E penso e repenso em como faze-lo
moldar-te a ti, a minha modelo
feita de carne, pele, osso e cabelo
A manhã nasce, sem deformidade ou defeito
E eu abro os olhos, encho o peito
do ar frio e seco sorvo o éter
e sei que nem me devo atrever a levantar
nem ir ao portão da escola por ti esperar
Hoje o dia é para na cama ficar
e deixar a demência lentamente arrastar
esfumar os sonhos da infância que não o foi
do papá que amava seu menino adorado
e do sexo carnal de amor decepado
Lembro-me de ti, do primeiro sorriso
deste-me tudo o que era preciso
agora quero mais, o que posso e não posso
moldar-te a face, quero tocar-te,
quero sentir o que é amar-te
vejo um corpo que agora floresce
teu peito, teus lábios, tudo em ti cresce
ao ritmo que a minha saninade senesce
E ver-te perfeita, corpo de bailarina
recordo outra vez a minha menina
de como ela era, de como ela é
aproximo-me agora, com novo alento
prepara-te boneca para o teu tormento
Adoro esse sorriso no colo do papá
ver-te abraça-lo quando ele te dá
um beijo terno nas faces rosadas
na minha mente recordo outros episódios
de dor, tortura, esgares e ódios
É por isso que agora te amarro e te conto
o que te vou fazer, ponto por ponto
explicar-te maninha o que é sofrer
talhar tua face, cortar teu cabelo,
fazer de ti a minha modelo
2 de Agosto de 2005,
Der Überlende
12 Comments:
Arrepiante. O formato de poema é, além de original, perfeito para esta personagem doentia, que de alguma forma consegue ainda assim despertar alguma compaixão. Enfim... Acho que a parte do «juntar o seu fôlego dentro de um frasquinho» é brilhante...
By smallworld, at 12:19 PM
ui... concordo, arrepiante...
By Dasha, at 2:51 PM
Espectacular. E, tal como a Earworm disse, foi muito original o formato do poema.
O gosto com que a personagem fala e a descrição tão delicada que é feita chega a disfarçar a maldade.
Adorei as frases de possessão: «quero-a toda, quero-a só para mim» e «de te fazer só minha, só para mim». E claro está, o final, que tudo revela, está fantástico :)
Em relação às músicas... não conheço nenhuma :/
*
By SweetSerenity, at 1:21 AM
Ora viva
fica aqui combinado que estou disponível para vos dar as músicas que sugiro
basta enviarem-me um email com uma morada que tenha uma boa caixa de correio que eu envio assim que possa
saudações, d.u.
By Der Überlebende, at 12:09 PM
loooool you're kind of sick you know? ;) no sentido mais apreciativo da expressao la esta ;D
mas que obcessao doentia, ri-me porque me senti demente como a personagem.. looool ah e tambem porque tinha a The Model como fundo loooool e o meu irmao faz-me sempre rir quando canta essa musica :D
muuuui munito ;)
beijinho*
By Perséfone, at 2:00 PM
Que mais posso acrescentar para além de tudo o que foi dito? brilhante, simplesmente brilhante. Escreves que te fartas Der U., de todas as formas, de todos os feitios, para ti não há regras... não me deixas de surpeender a cada texto, a cada frase. És um poço de inspiração!
beijinho
By Eduarda Sousa, at 10:47 AM
Isto dos biologos é assim... poços de inspiração:) é pena eu não ser biologa:D
By Dasha, at 12:45 PM
Gente, quero vos desejar boas férias, que eu só volto dia 25 de agosto:)
Beijinhos e boas escritas
:)
By Dasha, at 6:22 PM
Ah, divinal :D A tua cabecinha diabólica sempre pronta a criar mais uma história de terror presenteou-nos com um crime demasiado horrível para parecer real - e, no entanto, demasiado realista no tom, nas palavras e na perturbação do sujeito para parecer ficção.
Tal como a Earworm, lembrei-me da "Spiel mit Mir", acho que era o tema de fundo que faltava aí.
Sinto-me doente por ter gostado tanto deste poema :P Mas a perversão da mente e a insanidade que vira as pessoas do avesso sempre me intrigaram... e "a modelo" é perfeita, um dos melhores poemas que li nos últimos tempos!
Boa, D.U.!!! Continuas na melhor das formas!!! :D Beijinhos grandes***
By rita, at 11:02 AM
Hmmm... Impressão minha ou isto anda muuuuuito parado? Foi tudo de férias?! [podiam ter deixado um post-it a avisar :/ se bem que ao menos a dasha avisou :)] Vá lá, digam algo! Escrevam nem que sejam disparates que isto precisa de ar fresco.
Beijinho*
By SweetSerenity, at 3:48 PM
This comment has been removed by a blog administrator.
By Eduarda Sousa, at 11:12 PM
Bem, eu estou quase quase quase a ir de férias novamente, desta vez até Lisboa.
O pessoal tá mesmo de férias ou então em fase de muito trabalho.
Eu tenho tido bastante tempo livre mas a verdade é que não tenho conseguido escrever...
Pode ser que quando regressar venha mais fresquinha de ideias.
Quanto ao aviso de férias não acho necessário fazê-lo, até porque é um blog de grupo e se há quem vá de férias já amanhã, há quem também esteja quase a chegar e talvez traga esse ar fresquinho, essa vontade de escrever...
Beijitos e até daqui a uma semana :)
By Eduarda Sousa, at 11:17 PM
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