Luz e Sombra

Wednesday, January 19, 2005

3 desejos; 500 palavras para 1 blog

Após ler o meu texto "Vazio", um amigo enviou-me o seguinte mail,
"Fiquei com vontade de contribuir para o teu blog, encheste-me de vontade de escrevinhar coisas..."
Então aqui vai a trancrição do texto que Der Uberlende me enviou:
"3 desejos....
Tão simples a proposta como gélido o vidro que me corroeu as veias de pavor! Amargo ácido que me adocicou os ouvidos com a tua voz de delicia decadente. Queria eu que te calasses, tão lesta quanto o foste em me matar com tanto beijo. Mas não, insistias em rasgar a noite e romper o fétido silêncio que entretanto pairava, filho bastardo de um cigarro inacabado, criança caída do colo seguro de sua mãe velhaca e preconceituosa. Afinal quantos esqueletos cabem no armário, mamã?!? E ecoava, ressoava, entoava, meu dEUS, explodia-me a cabeça com a violência do teu último frémito inquisidor! “Não tens mais nada para viver, pedaço de gente inútil!??”
Soube-me divinalmente, desprezar-te e fingir que nada eras para mim. Regozijei-me com a tua neoplásica maneira de te tornar tão óbvia, tão bucolicamente obvia, que ainda agora penso que, se o Diabo à terra viesse, e se aqui mesmo onde estivemos nós decidisse tornar-se tendeiro por uma temporada de feira, jamais se tornaria tão oco e macilento quanto a tua autoridade sobre mim se tornou. O que tínhamos nós a perder?!? O que nos resta ao fim do dia, ao fim da noite, depois deste doloroso e prolongado parto negligenciado, por ébrias enfermeiras assistido? Quem decidiu que era hora de cortar o cordão umbilical e cerzir a camisa de forças, feita do mais alvo linho das plantações daquela gente velhinha que se foi definhando pelas geiras dos montes, ainda o arrogante general romano por lá pateava. E agora, tenho as mãos sujas de tanta palavra horrível esconder por debaixo delas, os meus lábios enchem-se de cieiro do arfar misantropo que adoro destilar no meu revolto e impaciente estômago, ... Ah, e há uma coisa nova, que ainda não te contei, mas que estava à espera que fizesses esse teu ar de senhora bem parida: inércia! Estava mesmo para te convidar para o funeral do meu ódio, pois com o descerrar da cortina da encenação (sei lá eu de que modo é que alguém poderá algum dia chamar a isto) familiar, vi com os olhos da carne e da alma o quão errada estaria em odiar... Aliás, haverá sentimento mais desperdiçado do que o ódio? É como insistir em bater com os cornos num carvalho, tão estático, rijo e enrugado como o teu coração, tão cheio de pequenos segredos, bisbilhotices e inconfidências que até o papa-beatas do padre cá do sítio se ia envergonhar de o ouvir, se não tivesse com as trombas tão encharcadas do “sangue-do-cordeiro”.
E agora, sento-me à tua beira e sei que tenho 3 desejos... Então aqui vão:
Um. Quem me dera que as rosas que me mostraste no jardim da tua casa antiga ainda fossem tão vermelhas quanto eu me lembro delas;
Dois. Quem me dera não ser autista nos meus pensamentos, e que permitisse sempre o turbilhão quente e sincero das emoções motivadas pelo amor rodopiar incessante no meu peito;
Três. Quem me dera não ter esperado pela morte para te/me falar...

18 de Janeiro de 2005,
Der Uberlende "
Quando conseguir apreender toda a dimensão das suas palavras, farei um comentário!

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