ok, Sodomia 2, os outros 500 - só para terminar... e até breve :)
Sodomia, parte II
Uma ave pousa no parapeito da janela com o olhar felídeo de Felícia. Os dentes de Tadeu, incisos como adagas, sucumbem nas nádegas de Tiago. Felícia voa e fica o fel no olhar da ave, no anel de Tiago, nu na pele no sofá. A luxúria escorre pelo bolor húmido das ranhuras, pelo sémen das paredes que derretem. Felícia sua pelo tórax de Tadeu. Um mel azedo pulsa nas veias de Tiago, expulsa o medo de menino. Emulsiona-se na noite que ascende em pleno dia, transcende e desnuda por inteiro o desatino. Tadeu avança, cobre o corpo do parceiro. Tiago é quente de submisso e cerra os olhos, enterra os dedos, colabora, quer.
Tadeu penetra-o.
Na janela, a ave altiva desvanece-se. Sibila o sexo e flúi saliva nos amantes. Tiago sente o mundo dentro, doce e espesso. Tiago sente o mundo todo do avesso. As carnes querem, as carnes ferem, as carnes fedem, as carnes fendem, as carnes podem, as carnes pedem, as carnes comem, as carnes…
- SAI DAÍ !!!
Grita-lhe o homem, possesso com uma voz grossa de besta e arranca Tadeu, violentamente, de dentro do seu corpo.
- Que se passa? – Tadeu assusta-se e afasta-se para um canto, com o preservativo frouxo manchado de sangue.
Mas não tem tempo de se defender. Tiago investe com uma força sobre-humana, já nada o poderia deter. Tadeu é projectado contra a mesa de vidro. Da sodomia vai-se o prazer, fica a agonia. Tadeu estendido sobre os vidros, com a pele em sangue, procura na roupa uma compressa.
Tiago arrasta-se até à porta e sai à pressa.
A luz do dia conforta os seus passos bruscos e trôpegos, como uma réstia de esperança, de que tudo não tenha passado de um devaneio, um veraneio virtual, um sonho. Voltar para o emprego e nada se passou, eis o seu plano. Não mais pensar nem sentir o esfíncter. Acelerar o passo de volta ao centro comercial, onde deixou o automóvel. Entrar no carro, somente. Voltar para o emprego, para a sua vida.
Tiago tem 36, é casado com Felícia. E todos os dias, a mesma gravata que aperta, o mesmo arrumador que esbraceja, a mesma rotina que boceja, a mesma sevícia, a sodomia.
E hoje o tumulto dos acontecimentos atraiçoou os bolsos incautos de Tiago. Nem uma moeda. Apenas a nota de 50 euros que levantou no Multibanco. Tiago não hesita, lívido de horror, entrega-a ao arrumador. Mas este afasta-se, com um esgar desconfiado como se visse um polícia à paisana.
- Foda-se, tas maluco? – E afasta-se como um cão de rua, com o rabo entre as pernas.
Tiago fita a sua nota, completamente perdido.
…
A campainha tocou.
Era Tiago.
- Desculpa-me… – suplica-lhe, de olhos no chão.
Mas o olhar de Tadeu não mostrou ressentimento.
- Não tem problema, eu fico bem, Tiago.
E enquanto desce as escadas, Tiago ouve uma última vez a voz de Tadeu – obrigado.
Há tantos anos que não acontecia. Tiago e Felícia fizeram, hoje, amor.
Uma ave pousa no parapeito da janela com o olhar felídeo de Felícia. Os dentes de Tadeu, incisos como adagas, sucumbem nas nádegas de Tiago. Felícia voa e fica o fel no olhar da ave, no anel de Tiago, nu na pele no sofá. A luxúria escorre pelo bolor húmido das ranhuras, pelo sémen das paredes que derretem. Felícia sua pelo tórax de Tadeu. Um mel azedo pulsa nas veias de Tiago, expulsa o medo de menino. Emulsiona-se na noite que ascende em pleno dia, transcende e desnuda por inteiro o desatino. Tadeu avança, cobre o corpo do parceiro. Tiago é quente de submisso e cerra os olhos, enterra os dedos, colabora, quer.
Tadeu penetra-o.
Na janela, a ave altiva desvanece-se. Sibila o sexo e flúi saliva nos amantes. Tiago sente o mundo dentro, doce e espesso. Tiago sente o mundo todo do avesso. As carnes querem, as carnes ferem, as carnes fedem, as carnes fendem, as carnes podem, as carnes pedem, as carnes comem, as carnes…
- SAI DAÍ !!!
Grita-lhe o homem, possesso com uma voz grossa de besta e arranca Tadeu, violentamente, de dentro do seu corpo.
- Que se passa? – Tadeu assusta-se e afasta-se para um canto, com o preservativo frouxo manchado de sangue.
Mas não tem tempo de se defender. Tiago investe com uma força sobre-humana, já nada o poderia deter. Tadeu é projectado contra a mesa de vidro. Da sodomia vai-se o prazer, fica a agonia. Tadeu estendido sobre os vidros, com a pele em sangue, procura na roupa uma compressa.
Tiago arrasta-se até à porta e sai à pressa.
A luz do dia conforta os seus passos bruscos e trôpegos, como uma réstia de esperança, de que tudo não tenha passado de um devaneio, um veraneio virtual, um sonho. Voltar para o emprego e nada se passou, eis o seu plano. Não mais pensar nem sentir o esfíncter. Acelerar o passo de volta ao centro comercial, onde deixou o automóvel. Entrar no carro, somente. Voltar para o emprego, para a sua vida.
Tiago tem 36, é casado com Felícia. E todos os dias, a mesma gravata que aperta, o mesmo arrumador que esbraceja, a mesma rotina que boceja, a mesma sevícia, a sodomia.
E hoje o tumulto dos acontecimentos atraiçoou os bolsos incautos de Tiago. Nem uma moeda. Apenas a nota de 50 euros que levantou no Multibanco. Tiago não hesita, lívido de horror, entrega-a ao arrumador. Mas este afasta-se, com um esgar desconfiado como se visse um polícia à paisana.
- Foda-se, tas maluco? – E afasta-se como um cão de rua, com o rabo entre as pernas.
Tiago fita a sua nota, completamente perdido.
…
A campainha tocou.
Era Tiago.
- Desculpa-me… – suplica-lhe, de olhos no chão.
Mas o olhar de Tadeu não mostrou ressentimento.
- Não tem problema, eu fico bem, Tiago.
E enquanto desce as escadas, Tiago ouve uma última vez a voz de Tadeu – obrigado.
Há tantos anos que não acontecia. Tiago e Felícia fizeram, hoje, amor.
7 Comments:
Não é à toa que te chamas "o porco-espinho". Tens aqui farpas para dar e vender.
Então, boas férias de blog e traz mais textos a ferver de raiva.
By Anonymous, at 12:37 PM
de repente o vosso blog ganhou uma nova vivacidade, PARABÉNS por issso!:)
By JoaquimGilVaz, at 12:54 PM
hum... acabou bem. pensei que ia acabar mal. ainda bem. ainda ha esperança :)
By aquelabruxa, at 2:40 PM
Férias do blog? fico triste... quando voltas? parabéns pelo texto: temos escritor!
By Eduarda Sousa, at 3:23 PM
um final surpreendente ;D pelo menos para mim, surpreendentemente agradavel :) gostei da humanizaçao das personagens, muito reais, muito belas, as tres, sim porque a felicia tambem me parece ter muito que contar. apaixonei-me por elas :)
beijinho*
By Perséfone, at 7:43 PM
O que? Vais deixar-nos por breves momentos? Esta bem, desde que voltes... Este personagem faz-me lembrar uma pessoa. Alias, faz-me lembrar varias. Um tadeu chamado tiago, por acaso. E um tiago que nao se chama tiago. Nao sei se para mim o texto acabou bem... Tiago ressuscitou para a vida, depois de chegar ao fundo de si proprio e da sua relacao com Felicia? Ou ficou mais perdido que anteriormente? Afinal a sodomia era o dia a dia.
By smallworld, at 10:35 PM
muito bom!
prende a respiração! a sodomia de te prenderes ao corpo e não libertares e quando o fazes, libertas-te dos teus preconceitos e dás aso aquilo que mais te patece..neste caso o Tiago quis a Felicia...
By Ana João, at 4:19 PM
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