Paisagens da Alma, por Understandable
Bons dias,
Antes de publicar mais uma (fortíssima) resposta ao DP2, deixo-vos com uma pequena e fascinante estória da autoria da Understandable
até ao próximo post,
Der Uberlende
Paisagens da alma
Dia de calor, o sol brilhava intensamente; por cima do riacho via todo o campo a arrastar-se pelo horizonte até ao infinito para se juntar no firmamento do imenso céu azul.
O vento soprava como se uma lufada fosse só para mim, numa tentativa de me sentir bem, que egoísmo da minha parte, mas é isso que penso e quero sentir, uma só vez, pelo menos uma vez na vida algo só para mim.
Viro costas ao riacho, com a água limpa, transparente, pura, fresca sempre na minha memória e desço para os trilhos que me levaram de volta à malfada vida na vila, cheia de casa antigas, calçadas antigas, cheiros antigos, “porque que raio vim eu para aqui fazer?” pessoas amistosas, sempre prontas a ajudar, mas também sempre com vontade da cusquice matinal, nocturna, e que raio fazem mais.
Ainda me lembro a primeira vez que entrei na câmara municipal para a tal entrevista que marcou a minha vida desde à 2 anos, “bela vila” dizia eu, “que ar puro, que vista linda do rio, da igreja matriz, meu deus que calçada linda, tão limpa, nada a ver com o barulho da cidade com os milhares de caros, sem haver parques cobertos de tulipas, rosas, canteiro nascem por todo o lado, como é bom isto aqui”
Penso agora “que saudades tenho das ruas movimentadas, do ser anónimo, do não saber nem ter que saber da vida de A, B ou C ( que é inevitável nesta porra desta vila, toda a gente se conhece!!).
Bolas já me arranhei, silvas por todo o lado, buracos, mais um pé na poça, nem olho para onde vou, descalça a sentir a terra debaixo dos pés vou em direcção à vila, vista daqui é linda, mas lá dentro só me lembro da podridão; ainda consigo vê-la como se fosse a primeira vez, cheia de luz, calma……..
Sento-me não quero ir para lá, quero ficar a observar, começa o entardecer e rapidamente não vejo nada à frente do nariz, mas não me incomodo, quero ficar a observá-la nesta luz, aiiiiiii que picadela, “abelha de um raio que fiz eu??” “não sabes?? Pisas-te a minha flor e agora? Esse néctar era bom”; devo estar com alucinações, de certeza, a falar com uma abelha? Estou louca, só pode.
Corro dali para fora e …. Bolas o que fiz com a abelha faço no meu dia-a-dia, tenho de me mentalizar, começar a analisar tudo o que faço e digo, ando a maltratar e a espezinhar só porque estou revoltada com a vida medíocre de vila que levo porque não consigo, nem sei como dar a volta.
Bem……nova noite, vida nova.
23 de Maio de 2005,
Understandable
Antes de publicar mais uma (fortíssima) resposta ao DP2, deixo-vos com uma pequena e fascinante estória da autoria da Understandable
até ao próximo post,
Der Uberlende
Paisagens da alma
Dia de calor, o sol brilhava intensamente; por cima do riacho via todo o campo a arrastar-se pelo horizonte até ao infinito para se juntar no firmamento do imenso céu azul.
O vento soprava como se uma lufada fosse só para mim, numa tentativa de me sentir bem, que egoísmo da minha parte, mas é isso que penso e quero sentir, uma só vez, pelo menos uma vez na vida algo só para mim.
Viro costas ao riacho, com a água limpa, transparente, pura, fresca sempre na minha memória e desço para os trilhos que me levaram de volta à malfada vida na vila, cheia de casa antigas, calçadas antigas, cheiros antigos, “porque que raio vim eu para aqui fazer?” pessoas amistosas, sempre prontas a ajudar, mas também sempre com vontade da cusquice matinal, nocturna, e que raio fazem mais.
Ainda me lembro a primeira vez que entrei na câmara municipal para a tal entrevista que marcou a minha vida desde à 2 anos, “bela vila” dizia eu, “que ar puro, que vista linda do rio, da igreja matriz, meu deus que calçada linda, tão limpa, nada a ver com o barulho da cidade com os milhares de caros, sem haver parques cobertos de tulipas, rosas, canteiro nascem por todo o lado, como é bom isto aqui”
Penso agora “que saudades tenho das ruas movimentadas, do ser anónimo, do não saber nem ter que saber da vida de A, B ou C ( que é inevitável nesta porra desta vila, toda a gente se conhece!!).
Bolas já me arranhei, silvas por todo o lado, buracos, mais um pé na poça, nem olho para onde vou, descalça a sentir a terra debaixo dos pés vou em direcção à vila, vista daqui é linda, mas lá dentro só me lembro da podridão; ainda consigo vê-la como se fosse a primeira vez, cheia de luz, calma……..
Sento-me não quero ir para lá, quero ficar a observar, começa o entardecer e rapidamente não vejo nada à frente do nariz, mas não me incomodo, quero ficar a observá-la nesta luz, aiiiiiii que picadela, “abelha de um raio que fiz eu??” “não sabes?? Pisas-te a minha flor e agora? Esse néctar era bom”; devo estar com alucinações, de certeza, a falar com uma abelha? Estou louca, só pode.
Corro dali para fora e …. Bolas o que fiz com a abelha faço no meu dia-a-dia, tenho de me mentalizar, começar a analisar tudo o que faço e digo, ando a maltratar e a espezinhar só porque estou revoltada com a vida medíocre de vila que levo porque não consigo, nem sei como dar a volta.
Bem……nova noite, vida nova.
23 de Maio de 2005,
Understandable
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