Ética para um jovem

Na mesinha de cabeçeira repousava já à algum tempo "Ética para um jovem" de Fernando Savater. Ia sempre adiando a sua leitura porque me parecia um livro denso e difícil. Mas entretanto li. Li e gostei. E que pena tenho eu de não ter pegado nele mais cedo. Que leitura profunda e interessante me proporcionou. Aprendi muito e parei para pensar em muitas coisas do nosso dia-a-dia. Mas afinal o que é a ética? "A ética é a arte de escolher o que mais nos convém para vivermos o melhor possível." E por isso a todos nos interessa já que todos queremos ter uma vida boa. Um dos capítulos que mais gostei foi "Eleições gerais". E porquê? porque quem quer que tenha a preocupação ética de viver bem não pode evadir-se da política. e mais não digo...

"Uma coisa explicada é uma coisa que deixa de nos interessar"

Nietzsche

Pausa

Início do ano lectivo. Mudança de turma. Pessoas novas. Pausa.

Também DETESTO Saramago

''Saramago cultiva o niilismo e o pessimismo. Seus livros são contaminados pelo desencanto. É difícil escrever quando se descrê completamente da vida. Ele é vítima da própria descrença. É um velho''

entrevista de José Eduardo Agualusa à revista época

Freedommmmmm...

"Não perguntes a ninguém aquilo que deves fazer com a tua vida: pergunta-to a ti próprio. Se desejas saber em que podes empregar pelo melhor a tua liberdade, não a percas pondo-te logo desde o início ao serviço de outro ou de outros, por bons, sábios e respeitáveis que eles sejam: interroga sobre o uso da tua liberdade... a própria liberdade."

"Ética para um jovem"

Fernando Savater

mas lembra-te que a tua liberdade implica a tua responsabilidade pelos teus actos!

O poder das palavras

"No século XVIII, o naturalista alemão Humboldt viajou até à Venezuela à frente de uma expedição científica; a determinado momento do périplo chegaram à aldeia dos atures e descobriram que, poucas semanas antes, tinha sido queimada até aos alicerces pelos agressivos caribes; os vestígios já começavam a ser cobertos pela selva. Fartaram-se de procurar, mas não havia nenhum sobrevivente. Encontraram apenas um atordoado papagaio de cores brilhantes que permanecia nas ruínas e repetia sem cessar longos discursos numa língua incompreensível. Era a língua dos atures, mas já não havia ninguém que pudesse compreendê-la."

"A louca da casa"

Rosa Montero

As palavras são tão importantes para nós, seres sociáveis, comunicarmos. Seria possível conceber a nossa existência num mundo de silêncio e incomunicação? Creio que não.

A Genialidade

"Porque será que o rio do génio transborda tão raras vezes? Porque também tão raras vezes se ergue em ondas impetuosas para lhes abalar as almas timoratas? É porque nas suas duas margens foram instalar-se os homens sensatos e moderados, cujas casinhas, hortas e canteiros de tulipas poderiam ser inundados e, portanto, evitam o perigo opondo diques à torrente e cavando canais para desviarem o curso."

Werther

J. W. Goethe

Terminal do aeroporto

Steven Spielberg contruíu um aeroporto de propósito para gravar este filme. Nenhum outro tinha as dimensões necessárias para fazer The Terminal. Viktor Navorski, personagem inspirada num caso real, apaixona-se pela hospedeira de bordo mas o romance não acaba com um final feliz. E eu como sou uma eterna apaixonada do "viveram felizes para sempre" fiquei desapontada.
Vale a pena ver!

Livros e chá

Eu e uma amiga partimos à descoberta do Mercado Cultural do Carandá, em Braga. Depois de descermos a avenida descobrimos a bendita casa de chá, um lugar aprazível que convida à conversa e ao descanço. Têm uma grande variedade de chás pretos. E que chá delicioso, como nunca tinha bebido... e uns scones acabadinhos de fazer, a cheirar tão bem que se começa a salivar antes mesmo de os provar... e entre estes sabores, a conversa habitual sobre os livros.
Um fim de tarde esplêndido.

"O chá ocupou desde sempre um nicho especial, sendo considerado como algo precioso na civilização oriental. O país originário do chá, parece ser indiscutivelmente a China. Adoptada esta bebida pelo Ocidente, continua a ser a mais usada mundialmente após séculos. O culto do chá continua. “Cores de Chá” é o nome da Casa de Chá que existe no Mercado Cultural do Carandá, onde no espaço verde e calmo encontra o sítio certo para tomar a sua esplêndida chávena de Chá.
Seg. a Sex.12.00/20.00"

Os loucos

"O romance é a autorização da esquizofrenia"

Rosa Montero

O escritor percorre viagens interiores muito intensas e longas... por mundos possíveis e outros impossíveis, fruto da louca (a imaginação) que mora no sótão da casa.
Segundo Rosa Montero os narradores são seres dissociados, ou seja, sabem que dentro deles são muitos... Ideia de que partilho. Faz-me lembrar Fernando Pessoa e os seus heterónimos. Os grandes génios estão frequentemente associados à loucura, à alienação da realidade. Porquê? Os escritores são homens que ouvem vozes e, por isso, acabam por escrever sob ditado, o que os assemelha dementes. Mas para mim são seres maravilhosos, esplêndidos, magnificentes, habitados por fantasias, delírios, devaneios...

E por isso têm o privilégio de poderem ser loucos...

O Piloto

Quero que o meu cão seja LIVRE! que viva uma autêntica vida de cão: a esfregar-se na relva, a marcar o território, a correr atrás dos pássaros, a propagar os seus genes...
Nas alturas do cio costuma desaparecer no máximo por 2 dias. Já deve ser avô e bisavô. Nas redondezas os vizinhos conhecem-no, não me preocupo muito, ele regressa sempre.
Esta noite passou-a fora, chegou de manhã a mancar e a ganir. Andou concerteza à zaragata com outros cães, foi mordido numa perna e na orelha. Cuidei das feridas, desinfectei, pus mercuro e enchio de miminhos e carinho. O meu coração ficou destroçado ao vê-lo tão queixoso.
Será este o preço que tem a pagar pela liberdade? deverei prendê-lo durante a noite? terei esse direito? afinal as feridas não são consequência da sua vida de cão? Não sei... Mas as próximas noites ficará em casa, pelo menos até estar recuperado.

"Um grande livro concede-lhe um poder extraordinário. Pode ser pobre, miserável, doente, desesperado. A leitura de uma obra-prima faz-lhe esquecer tudo isso"

Conversas com Albert Cossery

A louca da casa

Na noite de terça, estupidificada em frente à televisão, apanhei Páginas Soltas na Sic Notícias. O livro de que estavam a falar era "A louca da casa" de Rosa Montero. Este,

Com esta capa pindérica eu alguma vez jamais sequer pegaria nele... ou o folheava... NUNCA!

- Bárbara, o livro é um autêntico rebuçado!

A jornalista que o levou tinha-o todo riscado e cheio de notas. O da Bárbara Guimarães já lhe saíam as folhas! "Será assim tão bom?"-pensei. O livro é sobre literatura e vida, biografias de outros escritores (desde referências ao nosso José Luis Peixoto a Oscar Wilde) e autobiografia romanceada. O entusiasmo, a vontade, a forma apaixonada como as duas falavam dele, rapidamente me contagiaram. Até sonhei com o maldito! maldito porque me obrigou a comprá-lo no dia seguinte na Centésima Página! depois do monte de livros que tenho para ler! depois da minha promessa de só comprar livros pelo natal! Isto não se faz!

Adiante. Já o comecei a ler, não aguentava esperar (estou a ler ainda "O Idiota" e "A banda sem futuro"). Ainda li pouquinho porque é uma leitura lenta que me obriga a sublinhar, pôr post-its, a pensar muito...

Nos próximos dias darei um cheirinho do livro...

Buah!

Peguei no "o homem do tempo" de Ana Eduarda Santos. Comprei este livro em Lisboa na feira da Ladra, por uma módica quantia, com a curiosidade de ver o que esta jovem escritora (20 anos) é capaz de fazer. Mas... pois é... o livro é uma valente m.... Ainda me aguentei até à página 40! Intragável. A sua escrita consiste em frases muito curtas e pimba: ponto final. Eu até fiquei com soluços ao ler. E depois tantas palavras difíceis? Parece que quer à força mostrar que sabe muito. A escritora demorou 4 anos a escrever este livro e rever. E isto reflecte-se na sua escrita tão racional e metódica que parece desprovida de sentimentos, emoções. Não sabe a nada. Insosso!