Pousadas no chão ocre, as minhas botas pretas carregam o meu corpo. Devido ao seu uso quotidiano já estão dobradas, amassadas, enrugadas, gastas... A linha amarela que perspassa os rebordos das botas retira-lhes a densidade e profundidade que o preto lhes confere. Aponto-lhes já o seu defeito mais imediato e terrível: as línguas de cada par têm a mania de escorregarem para o lado e aí permanecerem sempre! e nem vale a pena tentar reeducá-las, tal é a teimosia com que contrariam o meu perfeccionismo. Mas também têm qualidades como por exemplo conservarem a forma do meu pé e apenas do meu pé. Quem quer que as tente calçar sentir-se-á desajustado e desconfortável. Só ao meu pé permanecem fiéis! he he he
Quantos caminhos já percorreram? quantas existências já cruzaram? muitas...
exercício 1: descrever as nossas botas da forma mais objectiva e simples possível!