Luz e Sombra

Friday, February 24, 2006

As minhas 5 manias

1.Quando guio, abro sempre a janela do carro um pouco, mesmo que chova a potes ou esteja um frio de rachar. Acho que isto herdei do meu pai, que faz exactamente o mesmo e detesta ir no carro com todas as janelas fechadas. Só mesmo se cair granizo do tamanho de bolas de tennis. Mas nesse caso, o mais provável é ficar em casa, pelo que a questão já não se põe.

2.Tenho a mania de usar sempre os mesmos brincos, ainda que tenha 20 e tal pares diferentes (no outro dia contei-os). Não é uma questão de favoritismo, mas de preguiça em mudar de brincos.

3.Tenho a mania de analisar tudo e todos, inclusive (e sobretudo) a mim própria. Não há amigo/familiar meu que não tenha passado pelo meu escrutínio de psicóloga da treta. Não fico satisfeita enquanto não chego ao âmago emocional da pessoa (or so I think). Depois, escarafuncho, escarafuncho, escarafuncho nas feridas dessa pessoa e no final, aconselho-a a ir a um psicólogo. Ocasionalmente, recebo agradecimentos por isso. Outras vezes, nem tanto.

4.Às vezes tenho a mania de que sou esperta, como o Der Uber. Eu diria até que tenho a mania que sou genial, bué esperta MESMO, embora noutras ocasiões tenha a forte suspeita de que sou brutalmente estúpida.

5.Tenho a mania de nunca afirmar nada com clareza e exactidão e de encontrar sempre espaço para dúvida razoável. Exemplo típico é quando não gosto de alguém, ser incapaz de dizer “o/a gajo/a é um/uma idiota”. Digo sempre “é um pouco idiota, mas pode ser só impressão minha”, “não foi muito simpático”, não gosto muito dele, mas posso tê-lo apanhado num mau dia”. Mas isto se calhar nem é uma mania, até pode ser uma qualidade, embora outros achem que é falta de personalidade. Vai na volta é personalidade a mais, quem sabe… Já perceberam a coisa, não é?

Para responder a este desafio eu escolho: Puta_madre, Guida, Helena, Earworm, e Correio Verde. E mai nada. Não chorem, que não vale a pena.

Thursday, February 23, 2006

5 Manias; por Der Uberlende

Desafio 5 Manias (ou como a Lua de Inverno me decidiu provocar...)

5 Manias; por Der Überlende

1. Estranhos sabores. Gosto de misturar elementos aparentemente imiscíveis. Já tive a pancada de comer ao lanche um iogurte bebível de limão absolutamente gelado com uma sandes de pão integral torrado com goiabada. Agora ando numa de fazer saladas de pescada cozida, laranja, agrião, rúcula, kivi e pedacinhos de broa torrada in extremo. Outros estranhos menus se seguem, mas nenhum mete cabidela ou chouriço de sangue;

2. Adoro cortar as unhas bem rente com uma tesoura bem afiada e muito lentamente. Adoro sentir o corte limpo e preciso da queratina, assim como o som das lâminas da tesoura a fechar...

3. Tenho a mania de que sou esperto. Gosto de pensar que serei sempre capaz de argumentar e contra-argumentar com quem quer que se meta comigo. Adoro a discussão e lançar a confusão, provocação e a contradição para cima da mesa. Uma amiga minha chama-me insistentemente Nicolau, ainda não percebi porque... Ah, claro que já me tramei muitas vezes com a mania das espertezas, mas fico sempre com a sensação de que, de algum modo, me safei q.b. Essa mania das espertezas atinge o zénite quando o tema em discussão é música. Ai admito, sou um elitista do c...

4. Não consigo fazer xixi dentro de água... Posso estar à 18 horas na praia e com os rins a rebentar e estar num sitio semi-deserto sem ninguém à minha volta. Simplesmente o meu sistema urinário recusa-se a responder às minhas preces. Onde é que é a porra da casa de banho mais próximaaaaaaaa!!!

5. Adoro observar as pessoas, especialmente desconhecidos no meio do trânsito ou da confusão do metro ou comboio. Gosto de reparar naqueles seres que transpiram perversão, que algo errado lhes vai na alma, que estampam na testa pecados banais ou mesmo algo mais. Gosto de imaginar que estórias guardam, que segredos tem, do que seriam capazes no sítio certo, na altura certa...com as pessoas erradas! Que relatos magníficos devem guardar, que segredos deliciosos, que mentiras cobardes ou medos aterrorizantes guardam dentro daqueles corações palpitantes. Se ao menos eu conseguisse escrever as suas estórias... Ou torturá-los até as sacar!

Agroa parece que tenho que convocar 5 companheiros. Seja

booklover;
Vera;
stela;
redbackspider;
silentchild.

As regras:"Cada blogger nomeado tem de enumerar cinco manias suas, hábitos pessoais que os diferenciem do comum dos mortais.E além de tornar público o conhecimento dessas particularidades, terão de nomear cinco outros bloggers para participarem igualmente no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogs, aviso do "recrutamento".Além disso cada participante deve reproduzir este "regulamento" no seu blog."

Wednesday, February 15, 2006

Fumei um charro e…

Fui engolido pelo útero materno. Afoguei-me no líquido amniótico. Exausto, compreendi que conseguia flutuar à sua superfície. Carinhosamente, como um afago no pêlo de um cão. Senti-me quentinho e doce no embalo da ternura maternal. Novamente: dois corpos, um só espírito. O cordão umbilical associou-se à minha excrescência. Um só cordel, um só amor: inquebrável. Ouvi, outra vez, uma voz açucarada a sussurrar-me: “meu tesouro, minha alma”. nhac nhac nhac: o filho da p. do cordão enrolou-se no pescoço e pôs-me roxo. boom: fui parido outra vez. Cabrões: pegaram em mim pelas pernas e deram-me uma palmada no rabo. Virei-me e fui-lhes ao focinho: zás. Assim sem mais nem menos! Zás: já está! O meu corpo frio e nu estava coberto de porções carcomidas de sangue. A placenta arrochou e eu arranquei-a furioso como um cão sarnento cheio de comichão. Cambaleei, esqueci-me que já não sabia andar. Oh, teria de reaprender tudo outra vez. Rastejei até dar uma cabeçada na porta. Foi então que abri os olhos enovoados e descobri que estava deitado na posição fetal.

Tuesday, February 14, 2006

Vida de Cão – Ilusão ,Desilusão, Realidade

Poochie era um cachorrinho. Na sua infância, ao lado dos sues três irmãozinhos, julgava-se extremamente fofinho. Ninguém tinha um pelo como ele, mais suave que a relva daquela vizinha rica, uns olhos melosos e matreiros que o levavam a conseguir tudo o que queria, as suas aptidões de caça, dignas de um cão adolescente, e a sua raça, rafeiro, inteligente e filho do povo, selvagem como a Deusa manda...
Sonhava que, um dia quando crescesse, e herdasse o território da sua família, conseguiria conquistar o terreno ao lado do talho àquele gordalhão do bulldog, que a dona abandonou por ser tão feio.

Seria um cão rico, oh sim, e respeitado... Multiplicaria a sua família por três, por quatro, não, por cinco vezes.
Teria muitas cadelas, para educar os seus filhos, seria um verdadeiro sultão.
Um a um todos os seu irmãozinhos eram levados, um atrás do outro. O seu irmão Bobby, é hoje um cão polícia, mas está a ficar velho. A Nina foi para a casa da vizinha rica, coitada, cortaram-lhe o pelo todo, e quase jurava tê-la visto com uma coisa cor-de-rosa felpuda agarrada às orelhas.
Mas o seu irmãozinho Snoopy foi o mais desgraçado, só conseguiu arranjar um emprego humilhante a guardar ovelhas. Se conhecêssemos o nosso pai, com certeza que ele iria ficar muito desiludido por saber que ele vive a proteger a caça.
Poochie sabia que com ele seria diferente, tinha de ser.
Com dois anos, era já um jovem cão, o seu pelo branco e felpudo fora substituído por um emaranhado seco com aspecto de pedra pomes, os seus olhos, ainda melosos, contrastavam enormemente com o seu aspecto magro e rafeiro.
Poochie amaldiçoava a Deusa por lhe ter tirado o bom aspecto. Não fora para isto que ele guardara religiosamente, todos os dias, o melhor osso para ela.
Com cinco anos, adulto, tentara a sua sorte ao perseguir o seu sonho. Estava a ficar magro e precisava de viver mais perto do alimento.
Barry o bulldog, deu-lhe uma grande tareia, e Poochie ficou coxo. Sem dúvida isto não estava a correr bem.
Tudo se complicara quando ele se apercebeu que nenhuma jovem cadela voltara a acasalar com ele. Já somente a velha Betsy se mostrava disponível, mas Poochie não queria parecer desesperado.
Resolvera emigrar.
Mudou-se para o quarteirão do parque, onde os humanos costumavam passear os seus amigos.
Hoje Poochie, com doze anos está velho, vivera o resto da sua vida sem ambição, vagueando pelo parque, comendo o que as pessoas gentilmente lhe ofereciam, fugindo todas as noites dos homens do canil, e a sua única conquista fora o pequeno refúgio por detrás dos arbustos onde vivia.
Vira novamente os seus irmãozinhos. O Bobby tivera um funeral de pompa e circunstância, com barulhos assustadores e humanos a deitar agua dos olhos.
A Nina, embora sua irmã gémea, mantera o seu pelo branco macio e bebia água de uma tigela prateada.
Até o Snoopy tivera um destino mais agradável, o seu dono mandara empalhá-lo, será para sempre uma estátua viva da sua memória.
É dura a realidade, porém irreversível.
Poochie enroscara-se no seu monte de folhas secas e adormecera.

Friday, February 03, 2006

Contradição; por Der Uberlende

Contradição

Tomem este exemplo, por favor
dissequem-no como Galeno fazia aos cadáveres proibidos
e a demais ditadores não deis ouvidos
pois a palavra é a flecha venenosa
que mata o coração de forma vergonhosa

E se outro vos contar da Desditosa
não lhe tomais atenção, são calúnias
recusai desses abutres as suas pecúnias
ignorai as penas negras da ave agoirenta
que ferem olhos sãos qual negra pimenta

E da voz d’Ela não tomeis conta
são ruídos de animal tomado pela luxúria
não vos deixai levar em tal incúria
e se demais escutardes da Desditosa
preparai vosso coração para morte vergonhosa

Sua pele é ácida como limão
ferrugem e poalha em suas veias
tranças de palha feitas correias
amarram o amante da Venenosa
que lambe a sua pele preciosa

Os meus olhos fechei, perdi a coragem
a meu corpo permiti tal desventura
a violência atroz de sua candura
a luz que cega de forma danosa
deixei-me levar qual mariposa

No limbo todo o Homem perde horizonte
do medo que antes o deixava alerta
do horror iminente da morte incerta
da estultícia do vício tornado banal
da pequena morte do delito carnal

E eu lambi o veneno alarvemente
à medida que sua face se esvanecia
por entre a beleza do acto que então decorria
o corpo terno e quente que antes ardia
gelava em meus braços enquanto morria

E eu focava minha atenção em sua última palavra
tentando fingir algum interesse
no som asfixiado de sua derradeira prece
até que me aborreci de morte
e arranquei o fôlego da minha jovem consorte

O aviso que vos deixo é o seguinte
que tais actos bárbaros sejam jamais permitidos
como os de Galeno com os cadáveres proibidos
e reservai um minuto para reflexão
e descobri-de onde está a contradição

Em poucas palavras, o que é o amor
do desejo ao ódio tudo lhe pertence
da imagem poética de que tudo o amor vence
não será em si mesma uma enorme ilusão?
e o amor em si uma contradição?

Agora chega de rimas inúteis!
Já percebeste a minha intenção?
Sim tu, tu mesma!
Não resististe a ler tudo até ao fim, pois não?...
Sabes que tenho andado a reparar em ti?...
Acho que irás ser a minha próxima consorte.
Um dia destes vou esperar à saída da tua casa...
Talvez já amanha, que sabe?...

um beijo, de quem te quer muuuuuito
do teu amante,

G.

3 de Fevereiro de 2006

Der Überlende


 

referer referrer referers referrers http_referer