Luz e Sombra

Wednesday, December 29, 2004

Feliz 2005

A Todos Um Feliz 2005

Eu adoro todas as coisas
E o meu coração é um albergo aberto toda a noite.
Tenho pela vida um interesse ávido
Que busca compreendê-la sentindo-a muito.
Amo tudo, animo tudo, empresto humanidade a tudo,
Aos homens e às pedras, às almas e às máquinas,
Para aumentar com isso a minha personalidade.

Pertenço a tudo para pertencer cada vez mais a mim próprio
E a minha ambição era trazer o universo ao colo
Como uma criança a quem a ama beija.
Eu amo todas as coisas, umas mais do que as outras,
Não nenhuma mais do que a outra, mas sempre mais as que estou vendo.
Alberto Caeiro
Amanhã, bem cedinho, parto de comboio para Lisboa. Vou ao encontro de GRANDES amigos para passar umas mini mini mini férias e festejar a passagem de ano. Regresso a casa no próximo domingo de energias recicladas para recomeçar a estudar para o batalhão de exames que se avizinham.
Regressarei à blogosfera apenas no próximo ano!
Boa passagem de ano a Todos!

Tuesday, December 28, 2004

Livros ou CD´s

Quando vamos comprar um livro, mesmo que nunca tenhamos ouvido falar do autor, podemos ter uma ideia geral do assunto do livro, não apenas através do título, mas também lendo as indicações na contracapa. Podemos também ler as primeiras páginas pois são raros ou mesmo inexistententes (para aí um em cada mil) os livros que vem selados. Enquanto que num Cd, temos apenas o título, o nome do grupo, que se não conhecermos em nada (ou pouco) nos ajuda, e os nomes das músicas. Os CDs estão todos selados e não podemos ver sequer as letras das músicas (se o CD as trouxer! claro!). Não podemos ouvir para ver se a música soa bem aos nossos ouvidos. Se chatearmos o funcionário ele até nos põe o cd a tocar, uma ou duas músicas e depois muda logo para outro cd, o último êxito que quer levar as pessoas a comprar. Por tudo isto é que aos poucos me fui desencorajando de comprar CDs. Um CD pode chegar agora aos 22euros e por este preço compro dois livros (claro que não se pode comparar um objecto com o outro mas a diferença de preços é avassaladora!). O CD se levar para casa, ouvir e não gostar, na loja não me trocam pois poderia ter nesse tempo feito uma cópia. Um livro não. Geralmente trocam pois não é numas horas que se consegue ler um livro inteiro de grossura média. Por tudo isto é que tenho mais livros que CDs... Por tudo isto é que entro mais depressa numa livraria do que numa loja de CD´s-

Sunday, December 26, 2004

Ho, ho, ho...

Estou cansada, muito cansada. Estes dois dias de festas natalícias desassossegaram-me profundamente. De repente deixei de ter espaço à minha volta para conseguir sequer respirar. Tanto barulho, tantas pessoas a exigirem a minha atenção imediata para dois dedos de conversas superficiais que não me interessam para nada mas às quais por educação não podia mandar bugiar... Ler foi praticamente impossível. Tirando o Natal e a Páscoa estou sem saber nada da maior parte destes familiares desconhecidos e de repente em apenas dois dias invadem a nossa vida e forçam-nos a dar-lhes atenção. Pessoas que não me dizem nada, com valores e princípios completamente opostos aos meus, que não sabem absolutamente nada dos meus hobbies, sonhos e gostos... e no entanto sou “forçada” a não fazer nada que goste, constantemente interrompida por eles. Valeu-me a calma interior para resistir à opressividade e não explodir. Porque eu preciso muito de silêncio e quietude à minha volta ou então de estar rodeada pelos meus amigos que são o meu porto de abrigo, o meu lar...

Êxito!

"Por outro lado, existem quase cinquenta e seis mil novos milionários no país – e venceram como salteadores. Fizeram dinheiro porque, para começar, já tinham um bom pecúlio e investiram em empresas que se tornaram ricas porque despediram pessoas, exploraram crianças e os pobres noutros países e usufruíram de grandes reduções nos impostos. Para eles a ganância não era boa, era obrigatória. De facto eram tão boas a criar um clima de ganância que a própria palavra passou de moda. Agora chama-se ÊXITO!, e é verdade que vem com a própria pontuação. Rapidamente, quase ninguém continuou a considerar esta voracidade errada ou obscena; tornou-se (...) parte da nossa vida quotidiana..."

O meu primo mudou de telemóvel, para um da terceira geração. O que ele tinha era muito melhor do que o meu actual. E propôs-se a vender-mo por 20 euros. Um telemovél que tinha custado mais de 150 euros. Andei apoquentada nos últimos dias a pensar neste negócio. Para que é que eu precisava de trocar de telemóvel? O meu está novo e para o uso que lhe dou chega e sobra perfeitamente. O meu impulso imediato foi querer logo um novo e melhor. Mas para quê? Michel Moore deu-me as respostas que precisava de saber...
Afinal o que é a ganância? A avidez de ganho.

Thursday, December 23, 2004

E porque é Natal,


Uma pequenina luz

Uma pequenina luz bruxuleante
não na distância brilhando no extremo da estrada
aqui no meio de nós e a multidão em volta
une toute petite lumière
just a little light
una picolla... em todas as línguas do mundo
uma pequena luz bruxuleante
brilhando incerta mas brilhando
aqui no meio de nós
entre o bafo quente da multidão
a ventania dos cerros e a brisa dos mares
e o sopro azedo dos que a não vêem
só a adivinham e raivosamente assopram.
Uma pequena luz
que vacila exacta
que bruxuleia firme
que não ilumina apenas brilha.
Chamaram-lhe voz ouviram-na e é muda.
Muda como a exactidão como a firmeza
como a justiça.
Brilhando indeflectível.
Silenciosa não crepita
não consome não custa dinheiro.
Não é ela que custa dinheiro.
Não aquece também os que de frio se juntam.
Não ilumina também os rostos que se curvam.
Apenas brilha bruxuleia ondeia
indefectível próxima dourada.
Tudo é incerto ou falso ou violento: brilha.
Tudo é terror vaidade orgulho teimosia: brilha.
Tudo é pensamento realidade sensação saber: brilha.
Tudo é treva ou claridade contra a mesma treva: brilha.
Desde sempre ou desde nunca para sempre ou não:
brilha.
Uma pequenina luz bruxuleante e muda
como a exactidão como a firmeza
como a justiça.
Apenas como elas.
Mas brilha.
Não na distância. Aqui
no meio de nós.
Brilha

Jorge de Sena, Fidelidade (1958)

Prometeu

Estou sentada ao lado de Prometeu que com o seu ar grave e circunspecto me convida a contemplar a paisagem que nos rodeia.
São os últimos dias de aulas mas nem por isso se nota menos agitação e movimento. Andámos tão embrenhados nas nossas vidinhas que nem reparámos no que a natureza nos oferece todos os dias.
Os meus olhos cruzam vários planos mas o que mais me inquieta são os choupais na sua sequência linear, nudeza e beleza. Ao longe o sol começa a deitar-se, pintando o horizonte de vermelho resplandecente que se sobrepõe ao azul ténue e húmido do dia de hoje.
Este recanto de ar puro é, no entanto, ameaçado pelo fumo que sai dos carros, pelo lixo acumulado na borda da estrada, pelo Macdonald´s ao longe, plantado na minha direcção...
Ferem-me, oxalá fosse só eu e a natureza...

ps- um trabalho da semana passada nos últimos dias de aulas antes das férias

Sunday, December 19, 2004

Férias

- Yuppie, finalmente de férias
- Férias?
- Sim férias... descansar... ler...
- De férias estivemos nós até agora! sem exames!
- hã tens razão :(
- Agora é tempo de começar a estudar para os exames de Janeiro!
- Hã pois...

Amor

Sinto-me apaixonada por Che Guevara...

Saturday, December 18, 2004

O Processo

Já acabei de ler O Processo de Kafka. Foi uma leitura longa e vagarosa. Não é um livro fácil de se ler. O leitor é mantido na expectativa até ao fim, nunca é revelado o motivo do processo de Josef K. e também não se vai saber o desfecho do processo!?. Acho que não consegui entrar profundamente em toda a dimensão e complexidade do livro. Daqui a um par de anos voltarei a lê-lo.
O Processo é uma obra inacabada de Kafka. Foi o seu amigo Max B. que após a sua morte o organizou e publicou. Mas este não era o desejo de Kafka que deixou a seguinte carta a Max B. :

"Querido Max:
Este é o meu último pedido: tudo quanto em forma de diários, manuscritos, cartas, minhas e de outros, desenhos, etc., for encontrado nas coisas que deixo (portanto na estante, no armário, na secretária, em casa, no escritório ou seja onde for) deve ser queimado integralmente e sem ser lido, assim como todos os escritos ou desenhos que tu ou outras pessoas, em quem em meu nome os pedirás, tenham em seu poder. As pessoas que não queiram entregar-te quaisquer cartas que possuam, devem, pelo menos, comprometer-se a queimá-las.
Teu Franz Kafka"

O que pode levar um talentoso escritor como Kafka a querer queimar os seus trabalhos? Não sei... ainda bem que o amigo não o fez!

Andar ATENTO

Não é possível ver, com "com olhos de ver", sem respirar...

Saturday, December 11, 2004

O Agrafo

O meu pai estava com um agrafo na boca! Enquanto limpava os óculos distraiu-se e engoliu-o sem querer. Se o agrafo estiver fechado, não há problema, tal como entrou voltará a sair, o pior é se estava aberto!? facilmente se poderá prender algures no aparelho digestivo. O pai não se lembra! Foi ao médico e agora vai ter de fazer uma radiografia para descobrirem onde está o maldito agrafo!?

Ri-me até as lágrimas me virem aos olhos. Tentei mas não aguentei. Estas situações caricatas são típicas do meu pai... a lovely dad.

Livros científicos...

O meu professor de semiótica, Moisés Lemos Martins, editou um livro científico em 1990. Só passados dez anos, em 2000, é que conseguiu vender todos os 1000 exemplares que saíram! Se sair 2º edição do livro, o que eu duvido muito, ele que espere sossegadinho e de preferência sentado que lá para 2014 é que os têm vendidos!
Sou mesmo má...

António Lobo Antunes

"... uma vez começando a escrever, o meu problema é sempre o mesmo: como é que eu vou escrever? Estou tão preocupado com a manei ra como o fazer que nem sequer me passa pela cabeça se as personagens morrem, se vivem, se amam, se não amam."
António Lobo Antunes
Por causa disto é que não tenho vontade nenhuma de ler Lobo Antunes. A sua escrita é tão racional, tão estruturada que todas as emoções e sentimentos das personagens desaparecem por completo.
Escrita estéril!

Thursday, December 09, 2004

Agressão na Fnac

Para ler toda a história aqui

Não gosto muito de comprar livros/cd´s nas grandes superfícies comerciais, prefiro as pequenas livrarias.

E agora perdi toda a vontade de voltar à fnac...

As minhas leituras

Que saudades dos dias de longas horas de leitura! Os exames aproximam-se, os trabalhos acumulam-se e os livros empilham-se... Tantos por ler!
Estou quase a acabar O Processo de Kafka. Para a disciplina de técnicas de expressão estou a ler A câmara clara (ensaio sobre fotografia) de Roland Barthes e finalmente comecei a ler 1984 de George Orwell. Apesar de estar com três livros não é muito o tempo que lhes dedico. O cansaço, ao fim do dia, exige-me o sono imediato. Espero por melhores dias...
by a unhappy booklover

Tuesday, December 07, 2004

Gonçalo M. Tavares

"A relação com os outros deveria humanizar-nos...

As grandes qualidades do homem vêem-se quando está sozinho. Mas também os grandes perigos. O isolamento constrói monstros e santos, porém, o isolamento é essencial. Aquela ideia de 40 dias no deserto é fundamental. Quando alguém diz que não gosta de estar sozinho, dou logo um passo atrás. Quem não gosta de estar sozinho é uma péssima companhia."
Sim, concordo contigo, quem não consegue estar sozinho não consegue estar com ninguém!

Monday, December 06, 2004

Outono

Olho para este céu de Outono e vejo cair sobre a terra o cinzento... que me deixa num estado permanente de contemplação e euforia. Lembro-me de quando era pequenina e associava os meus anos às castanhas assadas, à família reunida à volta da lareira, aos passeios cobertos de folhas, às árvores despidas, ao chilreio ensurdecedor dos pardais, aos campos húmidos cobertos de geada, ao cachecol multicolor, às luvas, ao gorro, às camisolas de lã tricotadas pela mãe... As estações vão e voltam... e eu aguardo todos os anos impacientemente a chegada do Outono! Quando as folhas amarelecidas cairão com a elegância e suavidade de uma pena. E o frio tentará aquecer as árvores nuas, desprotegidas mas belas! Deixo-me adormecer enebriada na fantasia de ser uma árvore imponente, majestosa com as raízes fortes e seguras à terra. À qual vou devolvendo as folhas avermelhadas e douradas que se transformarão nas flores de Outono. A terra húmida vai receber os raios solares que lhe permitirão acumular energia para florescer novamente na próxima primavera.
E o ciclo perpetua-se infinitamente...

Jamais me aborreceria se todo o ano fosse Outono!


 

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