O estranho caso do cangurito
Eu felizmente consegui sair da bolsa, mas foi difícil, muito difícil e ainda hoje luto para não voltar para lá!
1. A Mamã Canguru guardava-o na sua bolsa e não o deixava crescer livremente.
2. Cangurito colocou a sua cabecita fora da bolsa, olhou à sua volta e exclamou: "Mamã, que grande é o mundo! Quando é que me deixas sair por aí à descoberta?".
3. A Mamã Canguru respondeu: "Eu própria vou mostrar-to, sem que precises de sair da bolsa. Não quero que te juntes a más companhias, nem que te exponhas aos perigos do bosque. Eu sou uma canguru responsável e decente".
4. Cangurito suspirou profundamente e deixou-se ficar na bolsa da sua mãe, sem protestar... Aos poucos, Cangurito foi crescendo, crescendo... de tal forma que a bolsa da Mamã Canguru começou a rebentar pelas costuras.
5. Ao ver que o filho já quase não cabia na sua bolsa, a Mamã Canguru disse-lhe: "Proíbo-te de continuares a crescer...". Cangurito, obediente, a partir desse momento deixou de crescer.
6. Entretanto, de dentro da bolsa da sua mãe, Cangurito começou a fazer perguntas acerca de tudo aquilo que via à sua volta. Era um animalzinho muito inteligente e mostrava que tinha muito jeito em Matemática.
7. Como não era fácil encontrar as respostas que satisfizessem a curiosidade do seu filhote, a Mamã Canguru ficava muito aborrecida e um dia disse-lhe: "Proíbo-te de voltares a fazer tantas perguntas."
8. Cangurito, que cumpria as normas de obediência dos pais, deixou de fazer perguntas... e ficou com cara de aborrecido.
9. Um dia, Cangurito viu passar uma Cangurita da mesma idade. Era a "canguru" mais bonita que ele jamais tinha visto em toda a sua vida! E, enchendo-se de coragem, disse à sua mãe: "Quero casar-me com essa Cangurita!".
10. A Mamã Cangurita derramou uma lágrima ao mesmo tempo que lhe dizia: "Filhote, queres abandonar-me por uma canguru qualquer? É esta a paga por tudo o que passei e fiz por ti?"
11. Proíbo-te de casares! Proíbo-te de casares!
12. E Cangurito assim fez... Não se casou. E quando a Mamã Canguru morreu, tiraram o Cangurito da bolsa da defunta. Era um animal muito estranho! O seu corpo era pequeno, como o de um recém-nascido, mas a sua cara tinha rugas, como se ele fosse já um animal muito velho.
13. Quando Cangurito tentou pôr-se de pé, no chão, o seu corpo ficou coberto de suores frios. E Cangurito disse assustado: "Tenho medo do chão... tudo parece mexer-se à minha volta!"
14. Os familiares de Cangurito meteram-no num tronco de uma árvore e ele passou o resto dos seus dias com a cabecita de fora do tronco da árvore.